A Morte E Um Carnaval: Joao Grilo E O Espaco Social Em Auto Da Compadecida.

By Romance Notes

A Morte E Um Carnaval: Joao Grilo E O Espaco Social Em Auto Da Compadecida. - Romance Notes
  • Release Date: 2010-03-22
  • Genre: Language Arts & Disciplines

Description

Auto da Compadecida, peca escrita por Ariano Suassuna nos anos 50, e uma comedia na qual o mundo europeu medieval e festivo de Rabelais parece se transplantar para o sertao popular brasileiro do nordeste. Marcada pela curiosa morte e ressurreicao do protagonista, e baseada em formas literarias medievais e tradicionais do nordeste como a literatura de cordel, esta peca e a fantastica historia carnavalesca de um pobre malandro Joao Grilo acompanhado por seu amigo Chico. Ao longo da peca, este duo dinamico apronta casos tao perplexos quanto comicos entre os demais personagens do pequeno povoado onde vivem. Dando a peca tanto sua materia comica quanto seu olhar critico, os muitos causos dos dois subvertem as hierarquias locais enquanto abrem caminhos para um exame social inerente na obra. Em dialogo com a obra critica de Antonio Candido e Roberto da Matta, este artigo visa analisar alguns momentos e modos que levaram Joao Grilo a subverter a ordem hierarquica do povoado, oferecendo uma interpretacao do espaco social retratado na obra e as suas ramificacoes culturais e literarias. Esta analise tambem vacila entre a vida e a morte. O momento da morte dos personagens principais causada pelo tiroteio do cangaceiro Severino representa uma linha divisoria entre dois espacos narrativos. Tudo que ocorre na peca enquanto personagens vivos e caracterizado por certa ordem social hierarquizada. Por outro lado, tudo que ocorre depois das suas mortes e marcado nao pela hierarquia, mas pela igualdade. A hierarquia aparente no estado de vida dos personagens provoca a malandragem de Joao Grilo, de acordo com a elaboracao do conceito por Antonio Candido em Dialetica da malandragem publicado em 1970. Portanto, no espaco da morte, Joao Grilo assume outro papel, nao o de malandro, mas o de porta-voz dos mortos. Em contraste com o espaco da vida, o espaco da morte de Auto da Compadecida entende-se melhor na dialetica do carnaval e da igualdade.